Hoje terminei de ler o livro do Êxodo. Chegando nos capítulos finais a atenção deve ser equilibrada pelas listas de feitorias que o povo hebreu cumpriu no deserto. No meio do livro temos Deus ordenando ao povo "Façam isto!", ao final do livro temos Moisés relatando, detalhadamente, "Fizemos!", de acordo com o que Deus pediu.
Quando os hebreus saíram do Egito houve uma reação abortiva dos egípcios: "Tomem nosso ouro, prata, bronze. Leve até nossas roupas. Mas nos deixe!". Depois de viverem sob pragas e perderem seus primogênitos eles "pagaram" para o povo sair rápido.
Logo depois do mar sucumbir todo exército do faraó, o povo irrompeu numa grande festa, com danças, músicas que emergiam de uma alma em gozo por saber que não seriam mais escravos. Por quanto tempo conta-se uma vantagem dessas? Acho que em toda refeição a conversa era: "Mas e aquela hora, você viu?".
Ao caminhar por três dias, sedentos, chegaram a um lugar onde "as águas eram amargas", por isto chamaram ao lugar de Mara. A conversa mudou: "Por que saímos? Por que festejamos a morte do opressor se agora morreremos de sede?".
Um grande milagre tem sua serventia no momento. A lembrança do milagre no decorrer dos dias pode tornar-se lenda pelo coração "viciados em milagres".
A ironia é que ao final do livro do Êxodo, todo o povo está ofertando de bom coração ouro, prata, bronze, linho, tudo em excesso para a construção do Tabernáculo. Moisés teve que dizer: "Chega de ofertas! Vocês doaram demais. Não sabemos o que fazer com tanto ouro!".
Os tesouros que o povo ganhou ao sair do Egito, tornaram-se ofertas para fazer os elementos do Tabernáculo.
Num deserto, de que vale ter riquezas? Que vantagem existe em pendurar um colar egípcio e desfilar contra uma tempestade de areia?
A grande lição que o povo aprendeu é que o despojo egípcio servia para fundição, revestir os móveis do Tabernáculo pois eles precisavam durar para a posteridade. Porque o corpo não precisa de atavios, logo ele volta ao pó. Osso e ouro não combinam. Por isto os ladrões escavam. Já o deserto e a vida tem tudo a ver. Nele, quando peregrinamos, concluímos: "Mas por que tenho que ficar carregando isto?".
Nele, nosso maior tesouro!
David
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