30.11.08

AUTO BIOGRAFIA EM CONSTRUÇÃO


Nasci num lar.

Onde ainda há o fogão, a mesa e a sala.

Cresci ouvindo. Dialogando. Crendo e desejando viver com intensidade.


Eu dei a mão para atravessar (aprendi a primeiro olhar à direita).

Fiz amigos por toda a rua. Corri junto deles empurrado pelo vento.

Fiz tacos para rebater, "carrinho de rolemã", bolas de seringueira e perdi muitos pipas nos fins de tarde.

Rolei em barrancos, brinquei de acampar longe de casa sem sair do quintal.

Resgatei meus amigos de inimigos perigosos sem que eles estivessem cativos; mas sempre o fiz, de todo meu coração.

Fingi estar doente para não ir à escola, fingi estar na escola quando estive ao lado de casa, fingi ir pra casa quando quis distanciar-me de alguém.

Mas eu nunca quis fingir ser alguém que não sou.

Nem tampouco me tornei alguém que é produto do fingimento.



Sou assim mesmo: quero viver muito, desejo a vida, reflito, fico aflito com os resultados, me alegro, respeito muito minha tristeza quando ela entra e se assenta.

E vivo...



Ouvi muito dos meus pais. Eles começaram na roça, meu pai com o café, e minha mãe colhendo algodão.

Vivi muito com meus dois irmãos - meus melhores amigos...

Quando ainda era o tempo, brigamos.

Quando chegou a hora, paramos.

Hoje, nos sentamos e damos gargalhadas do que fizemos e sentimos pena de quem chega agora.



Quando decidi amar, me entreguei com tudo o que tinha, até com o que não sabia que tinha.


Amo. Sofro, me alegro, ouço, planejo, acelero o coração, transpiro, sossego e durmo.

Porque amo.

Porque amo, sofro.

Não sofro por não obter resposta, porque não amo perguntando nada.

Eu apenas amo amar.


Como sofro?

Quando sofro?

Ah, é sempre porque aquilo merece ser amado.

Eu penso: Também sofro porque não sou o que todos desejam, ou o que alguém em especial deseja.


"Sou o que sou, tenho um coração, um grande sorriso e uma linda canção.

Se Deus me fez assim, assim vou louvar".


Questiono, porque não acho que o bom deve ser o bom de todos.

A vida deve ser uma entrega a Deus.

Mesmo que haja momentos de luta com meu peito, que a consciência queira relaxar.

Sempre deve haver uma crise para melhorar.

Reflito mesmo quando não quero pensar.

Me culpo. Me angustio porque sou homem. Não sou o de fora. Dentro existe um maior.

Me entrego a Deus todos os dias, pois dele vem a minha salvação: para o corpo, alma, e espírito.



Vivo a desconstrução da fantasia, não quero os mitos, os grandes, os megalomaníacos: Só quero Cristo.

Dele aprendo todos os dias que devo diminuir, diminuir, e ser o menor.


Nele não houve superioridade junto ao outro.

Ele nunca quis deixar de ser pobre, e até aparentou aos familiares não ter juízo.

Sobretudo, está onde eu desejo sempre estar.

Não sigo a Jesus por causa da igreja. Sigo-o pela vida. Porém muito mais pela Vida!



Eu creio na Igreja: dos simples, dos humildes, mesmo que tenha ricos, pode haver quem queira se desprender da podridão para obter a verdadeira riqueza.



Me fere a hipocrisia. Pois ela mesma se disfarça entre as palavras.


Creio no perdão. Vivo por ele. Busco, comunico-o, e choro por lhe virarem as costas.

Eu quero amar mais. Não o que todos amam. Não o que todos querem que seja amado.

Quero o que se manifesta por Deus, pois só Ele é amor.

No amor não há temor, logo, onde cobrem o temor das incertezas com a indiferença, ali Ele não está.



Quero Jesus em mim, me ensinando a viver Seu amor.

Que me lembre do Céu, da aliança em Seu Nome, do pobre, do enfermo e do orfão.

Quero viver a "desvida" dos que acham que pelo mundo vivem em Deus.

Quero levar estes a redescobrir Deus na luta pela vida dos que se perdem.

(...)

2 comentários:

  1. Muito bom esse texto!
    Li os novos e reli vários.
    Muito fera!
    Abraço

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  2. Muito obrigada por esse texto!
    Foi ótimo nesse dia!!
    Deus te abençoe.
    Camila

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