O caso Nardoni e a nossa espiritualidade no dia a dia

Um dos textos sagrados mais conhecidos é o Salmo 139 - "Senhor, tu me sondas e me conheces". Feita esta declaração, Davi discorre poeticamente toda sua consciência do alcance da sonda divina.

Não há pra onde ir, como se esconder, arrumar uma justificativa, ou até mesmo se fazer quieto. "Mesmo tentando bloquear, não prevaleço, Deus me sonda até numa breve passada de olhos". Que diremos diante da verdade que Ele sempre tem os olhos fixos sobre nós?! O que Deus vê que não mostramos? O que ele sente sobre as manias vingativas que cultivamos, mesmo quando a multidão diz: "É isso aí!"?

Diante do excesso de cenas da prisão do casal culpado por assassinar uma criança, podemos ter as mais variadas manifestações, dentre elas, a de não se importar pela construção interior de um cristianismo autêntico: "... se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão" (Mt 18:35).

Deus instituiu a lei para ordem na sociedade, e que ela cumpra o que é devido. Porém, nós não fazemos muito esforço diante do "imperdoável", que certamente, é o que diz se alguém segue Jesus a valer! Cada vez mais nossos sentidos captam vingança e nosso coração se petrifica junto da cultura. Não preconizo a liberdade piegas diante das autoridades e suas provas, só estou pensando o quanto é mais fácil para o nosso íntimo não ceder ao "absurdo saudável" que é uma vida perdoadora.

Dostoievisky, em sua obra "Crime e castigo", diz sobre um assassino se degladiando em culpa numa esquina, e de repente surge uma prostituta que lhe dá um Novo Testamento e diz algo mais ou menos assim: "...a mensagem contida aí é para pessoas como eu e você". Nós podemos distanciar uma pessoa pelo que ela fez, mas ainda permanecer na prisão interior de não analisar se o nosso íntimo entrega a causa a Deus ou não. Podemos usar da lei para dizer que "aqui se faz e aqui se paga", sem se importar que existe uma Vida Eterna, fruto do perdão de Deus, que nos leva a uma vida no íntimo, que consegue até "se perdoar"!

Podemos também não emitir nenhum juízo, e com isto evidenciar indiferença com a vida.

Para perdoar você não precisa entender o motivo, esperar que a tristeza se vá, pensar se está com vontade ou não. Nós só precisamos "decidir" perdoar. Mesmo que as entranhas se volvam em espasmos, o que vem depois da decisão, é saúde pra vida toda!

De vez em quando um assunto nos surpreende na mídia por alguns dias, e pode nos incentivar a viver em fel de amargura. Mas há muito tempo, Deus desceu à Terra e nos deu um exemplo que nos faz viver de fato, longe do cárcere que nós criamos quando deixamos de perdoar.

Por isso que perdão é assunto do íntimo para todos os dias.

Preso está quem transgride a Lei, preso também fica quem não cede à Lei do perdão!

Nele,

David Junior.