30.11.08

O QUE ME FAZ BEM...


"O fim de toda nossa exploração
Será chegar ao ponto de partida
E conhecê-lo pela primeira vez."
T.S. Eliot
"Ver um Mundo num Grão de Areia
E um Céu numa Flor silvestre,
Ter o Infinito na palma da sua mão
E a Eternidade numa hora."
William Blake

"As mães não nos dizem onde estamos,
e nos deixam sozinhos;
onde os medos acabam e Deus começa - aí talvez a gente esteja."
Rainer Maria Rilke

AUTO BIOGRAFIA EM CONSTRUÇÃO


Nasci num lar.

Onde ainda há o fogão, a mesa e a sala.

Cresci ouvindo. Dialogando. Crendo e desejando viver com intensidade.


Eu dei a mão para atravessar (aprendi a primeiro olhar à direita).

Fiz amigos por toda a rua. Corri junto deles empurrado pelo vento.

Fiz tacos para rebater, "carrinho de rolemã", bolas de seringueira e perdi muitos pipas nos fins de tarde.

Rolei em barrancos, brinquei de acampar longe de casa sem sair do quintal.

Resgatei meus amigos de inimigos perigosos sem que eles estivessem cativos; mas sempre o fiz, de todo meu coração.

Fingi estar doente para não ir à escola, fingi estar na escola quando estive ao lado de casa, fingi ir pra casa quando quis distanciar-me de alguém.

Mas eu nunca quis fingir ser alguém que não sou.

Nem tampouco me tornei alguém que é produto do fingimento.



Sou assim mesmo: quero viver muito, desejo a vida, reflito, fico aflito com os resultados, me alegro, respeito muito minha tristeza quando ela entra e se assenta.

E vivo...



Ouvi muito dos meus pais. Eles começaram na roça, meu pai com o café, e minha mãe colhendo algodão.

Vivi muito com meus dois irmãos - meus melhores amigos...

Quando ainda era o tempo, brigamos.

Quando chegou a hora, paramos.

Hoje, nos sentamos e damos gargalhadas do que fizemos e sentimos pena de quem chega agora.



Quando decidi amar, me entreguei com tudo o que tinha, até com o que não sabia que tinha.


Amo. Sofro, me alegro, ouço, planejo, acelero o coração, transpiro, sossego e durmo.

Porque amo.

Porque amo, sofro.

Não sofro por não obter resposta, porque não amo perguntando nada.

Eu apenas amo amar.


Como sofro?

Quando sofro?

Ah, é sempre porque aquilo merece ser amado.

Eu penso: Também sofro porque não sou o que todos desejam, ou o que alguém em especial deseja.


"Sou o que sou, tenho um coração, um grande sorriso e uma linda canção.

Se Deus me fez assim, assim vou louvar".


Questiono, porque não acho que o bom deve ser o bom de todos.

A vida deve ser uma entrega a Deus.

Mesmo que haja momentos de luta com meu peito, que a consciência queira relaxar.

Sempre deve haver uma crise para melhorar.

Reflito mesmo quando não quero pensar.

Me culpo. Me angustio porque sou homem. Não sou o de fora. Dentro existe um maior.

Me entrego a Deus todos os dias, pois dele vem a minha salvação: para o corpo, alma, e espírito.



Vivo a desconstrução da fantasia, não quero os mitos, os grandes, os megalomaníacos: Só quero Cristo.

Dele aprendo todos os dias que devo diminuir, diminuir, e ser o menor.


Nele não houve superioridade junto ao outro.

Ele nunca quis deixar de ser pobre, e até aparentou aos familiares não ter juízo.

Sobretudo, está onde eu desejo sempre estar.

Não sigo a Jesus por causa da igreja. Sigo-o pela vida. Porém muito mais pela Vida!



Eu creio na Igreja: dos simples, dos humildes, mesmo que tenha ricos, pode haver quem queira se desprender da podridão para obter a verdadeira riqueza.



Me fere a hipocrisia. Pois ela mesma se disfarça entre as palavras.


Creio no perdão. Vivo por ele. Busco, comunico-o, e choro por lhe virarem as costas.

Eu quero amar mais. Não o que todos amam. Não o que todos querem que seja amado.

Quero o que se manifesta por Deus, pois só Ele é amor.

No amor não há temor, logo, onde cobrem o temor das incertezas com a indiferença, ali Ele não está.



Quero Jesus em mim, me ensinando a viver Seu amor.

Que me lembre do Céu, da aliança em Seu Nome, do pobre, do enfermo e do orfão.

Quero viver a "desvida" dos que acham que pelo mundo vivem em Deus.

Quero levar estes a redescobrir Deus na luta pela vida dos que se perdem.

(...)

O QUE TE FAZ BEM...


'Assim como um pai se compadece dos seus filhos...'
Salmos 103:13

Hoje é domingo, dia das pessoas procurarem os templos da cidade para fazerem suas preces e ouvir alguma mensagem que alivie a dor e o fardo da vida.


Eu fiquei em casa devido ao repouso que os médicos pediram. Assisti ao filme “Lado a Lado”, com Julia Roberts e Susan Sarandon, uma história linda sobre a brevidade da vida, simplesmente quebrantadora.


Houve um período do filme me deixou em lágrimas. Quando a personagem de Susan Sarandon, mortalmente adoecida, conversando com a amiga conta de quando seu pequeno filho, de seis anos, se perdeu num supermercado. Num momento de palavras que apertam o peito e o pescoço, um rosto avermelhado e banhado em lágrimas, dizia à amiga como foi demonstrar seu amor procurando por alguém frágil, entre prateleiras e mercadorias. Como uma mãe, prestes a morrer de uma grave doença, lembrava-se da experiência de não permitir seu filhinho se perder.

Até hoje me perco em supermercados...


Mas a situação que mais me traumatizou foi numa cruzada evangelística que houve no Taquaral. Uma multidão de aproximadamente trinta mil pessoas ocupava toda arquibancada. Sob a "Concha Acústica" haviam corais, uma grande orquestra, e pregadores e intérpretes. Tudo novo e grande demais para os meus cinco anos.


Eu estava sob os cuidados de uns tios jovens, que distraídos assentaram-se próximo sem me avisar; e não os vi. O desespero por me sentir esquecido foi tão grande que saí correndo sem olhar ao redor, chorava silenciosamente, punha a mão nos olhos, na cabeça, imaginava que não conseguiria mais voltar para casa, que a fome viria e teria de pedir comida para pessoas estranhas, que a noite fria chegaria, e eu não estaria no quarto com meus irmãos. Tudo horrível!


Depois de dar uma volta no espaço onde estava toda aquela multidão trombei com minha mãe. Aquela foi a melhor sensação. Pude abraçá-la bem forte e ouvi-la dizer: “Pronto, não precisa soluçar mais porque agora você está comigo”.


Já pensou hoje sobre o amor de Deus? É natural para um pai procurar seu filho nos corredores de um mercado, e tudo o que ele deseja falar é “Agora você está comigo”, e lá, depois de anos, contar como foi gostoso o encontro. Como ainda nos permitimos pensar que um pecado é suficientemente poderoso para inibir Deus de nos procurar? Que abandono dos homens é o abandono de Deus? Nenhum!



Num acampamento que fizemos com o tema “Na Rocha”, todos os dias os adolescentes cantavam uma música com a frase “Se perco, me encontras...”. Alguns cantavam mascando chicletes e de vez em quando conversavam alguma coisa engraçada com quem estava ao lado. Mas outros ao cantarem abaixavam a cabeça e choravam desajeitados, alguns ficavam envolvidos numa "esfera de espanto", tirando o boné e chorando como se estivessem há anos sem serem amados.



É isto que o amor de nosso Deus faz, traz espanto porque não achamos que merecemos um amor insistente.



Com minha razão limitada cheguei a esta conclusão do amor de Deus. Imagine Ele, que realmente sabe traduzir seu amor por nós em atitudes todos os dias, como não se sente em relação a nós?



Deus é amor (1 Jo 4:1). Nada do que fizermos muda quem Ele é. Não podemos permitir que a indignação, ou o desejo exacerbado de favorecimento pessoal, nos proíba de ver que “Ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons” (Mt 5:45).



Se sentir-se perdido, o Pai está à sua procura por entre os corredores do mercado. Pare tudo, converse de coração com Deus, prove da experiência de ser amado incondicionalmente!

Com amor,



David Junior (Fevereiro de 2008)




Minha oração da sinceridade

"Querido Jesus,


Estou nesta tarde ensolarada de segunda feira com muita tristeza. Gostaria muito de estar bem, porém não estou.

Sabe Jesus, preciso me abrir contigo por que ainda tenho dificuldade de me expor às pessoas. Tenho a sensação que, se eu me assentar e começar a conversar os meus conflitos, não me faltarão ouvidos; mas as respostas serão sempre as mesmas, e, em sua maioria jargões, que no fundo são uma satisfação latente pela minha fragilidade.

Sinto-me só Jesus...
Não tenho medo de dizer isto, também não me sinto culpado por sentir-me assim. Sinto necessidade de conversar com o Senhor, pois li nos Salmos várias orações de homens, até melhores que eu, que pensavam que estivesses dormindo.

Eu entendo Jesus que preciso falar com alguém, mas vivo num mundo que não foi inventado por você. Aqui as coisas são diferentes. Mesmo no meio daqueles que cantam sua história, e se reúnem com seu nome, as conversas não tem gerado em mim confiança de que são ouvidos de Cristo para meus momentos de crise.

Jesus, se eu chamar alguém pra conversar sobre minha tristeza, tenho certeza que trocarei de peso. Deixarei a individualidade e a solidão, e tomarei pra mim a “reprovação”.

Não estarei próximo de alguém na igualdade. Serei reprovado nas amizades. Pois pintaram alguém que não sou. Eu sei quem sou. Não sou um super-homem, não sou um "guru" com respostas para os momentos mais difíceis de qualquer um, nem tampouco sou médico. Tenho problemas com as pessoas, sou deixado de lado por não satisfazer suas expectativas, minhas idéias não agradam a todos, e me sinto em profunda tristeza mesmo em dias ensolarados como este.

Senhor, preciso te dizer a verdade: Não sei transformar frases de efeito em atitudes. Já tentei tantas vezes, mas não consegui. Aqueles provérbios bonitos que todos têm para momentos como este, não brotam tão facilmente assim.

Às vezes sinto pressão no peito, e pontadas no abdômem. Sei que isto não é normal, mas a impressão que tenho é que tenho que conviver com isto pelo menos um período até chegar a cura. O Senhor foi homem de dores e sabe o que é o sofrer...

Jesus, sempre ouvi, desde minha infância que você sofreu demais. Eu leio e admiro sua história, porque foi rejeitado, mesmo sendo quem é. Eu não sou quem você é, mas eu estou me esforçando nesta vida pra tornar a ser. E sei que você vai me favorecer.

Se eu fosse exatamente como você é, mesmo assim seria reprovado. Eu não gosto de viver aqui na avaliação constante que fazem da minha sinceridade Senhor...
Você tem alguma solução pra este momento?
Meus livros não me ajudam.
Minha agenda telefônica não me inspira confiança.
E o que mais me atemoriza é que minha sinceridade é um escândalo.
Sei que o Senhor ouve minha oração e pode me ajudar.

Eu gentilmente me disponho a ouvir tua voz. Não quero ter sensações como muitos dizem ter para negar a humanidade e a carência de você. Eu quero sim, ter uma vida que flui por ser resposta da tua voz.

Confio no que você diz. Basta uma palavra tua e meu corpo estará descansado, minha mente serena e minhas emoções apaziguadas.

Jesus, estou à Sua espera, como sempre estarei!".

David Junior - (escrito em Junho de 2005)



Deus sabe 'sim' que sofremos!

Estes dias tornaram-se especiais. Estou aprendendo o valor da vida que busca a Deus com a intensidade da entrega, a identificar o que realmente tem valor e o que é trivial e por muito tempo pensei que fosse reluzente.


A única coisa que exise para alento durante o sofrer são as nossas "convicções". Busque-as, mas não em templos, literatura, religiosidade e outras coisas mais. Entre para dentro de si mesmo que o teu silêncio seja involuntário. Somente aquele que aceita o sofrimento, consegue entrar dentro de si, e ali também deverá aceitar quanto barulho ainda existe na alma, quantas emoções desnecessárias devem ser desfeitas. Quanta cor se desbotou, quão insípido tornou-se o gosto que um dia veio como pela primeira vez.

Aceitar um período de sofrimento não quer dizer que você está "jogando a toalha", sendo pessimista. Muitas vezes não aceitamos situações, não é porque somos "fortes e corajosos", mas sim porque não cremos que Deus vive aqui neste momento, sente o cheiro e vê o crepúsculo, e também anseia pela virada do dia.

É na aceitação que obtemos o silêncio necessário para crescer na caminhada com Deus. Para que Deus seja pra dentro de nós, o nosso Deus, a alma deve se aquietar. "Aquietai-vos e sabei que Eu Sou Deus" (Sl 46:10).

É no sofrimento que nos tornamos coerentes. Paramos de cantar a música que fala sobre Deus, e passamos a crescer na confiança. Paramos de dizer com os lábios, para viver de coração. É nele que deixamos de ser meninos, e buscamos a idade adulta da vida.

Durante o sofrimento você ou crê que Deus é quem Ele é, ou então toda fé, pensamento, paixão, e ritual foi simplesmente "mais um céu pintado no teto da capela", que olhando é bonito, mas não faz sentido querer. O querer saudável para a vida deve ser na convicção de conhecer a Deus, no amor, e no anseio de exercer misericórdia.

Este querer habita o coração de qualquer um, é gerado por Deus. Porém a aceitação dele é difícil, porque surgimos e crescemos num mundo onde a mania de sentir-se bem é viciosa.

Certamente Deus sabe que sofremos, o importante é aceitar que na dor saímos do ponto de partida, damos a volta, e reconhecemos que tudo antes não fora partida para conhecê-Lo.


Mas agora tudo parece ser.


Com sensibilidade aos que sofrem,
David - (texto escrito em Fevereio de 2008)


Com saudade, mas muita saudade...
Hoje, em meio às dores e cansaço da ordinariedade do dia, veio me uma profunda saudade. Não àquelas que são frutos da lembrança, mas uma profunda saudade do que nunca vi.


Philip Yancey, no livro "Decepcionado com Deus", escreveu algo fantástico, mais ou menos assim: "A Fé é um tipo de saudade de um lugar que jamais visitamos, mas que nunca deixamos de desejar".


Nunca estive no Céu, mas desejo-o com todo meu ser - corpo, emoções, inteligência - Diga-me que ele não existe, e terei de sentir pena de quão sem sentido tornou-se sua vida.


Viver intensamente pelo que somente tem aqui na Terra, é colocar a mão sobre os olhos, contra o Sol que é intenso, crendo que sua mão realmente o encobriu. A grande certeza que tenho por saber que não sou daqui, é não me encontrar mais aqui. Meu pensamento está sempre perguntando "Deus, onde o Senhor está?". "Estou bem contigo?". "Jesus, leva-me à beira do poço para conversarmos sobre 'água!!'".


Saudade é fome. É desejo que envolve, pensamento que aliena, é música no silêncio da alma.


No mais profundo de mim existe alguém. Não sinto saudades sem relacionamento. Tenho muita vontade de entrar dentro de mim mesmo, e ali ter comunhão.
(Sábado, 23:35 - me recuperando da meningite)

23.11.08

HOJE É DOMINGO. NÃO VÁ À IGREJA!


No início de 2008 fui surpreendido por uma enfermidade que me tomou a rotina da vida normal. Porém, deste tempo, tenho comigo uma lembrança deveras saudável.
Num domingo de clima indeciso resolvi fazer uma breve caminhada. Quando estava no meio do Cambuí, em Campinas, uma chuva torrencial me surpreendeu. Tive que rapidamente me esconder no posto de combustível - o mais badalado do centro: playboys, carrões com som alto, mulheres exacerbadamente enfeitadas; e, quando olhei pra trás, uma loja de conveniência que me deixou constrangido por estar na frente, por tanta bebida alcoólica. Não aguentei a impressão que causaria, estava com muita sede e levantei-me do chão para comprar um refrigerante.

- Hei tio, você me arruma dez centavos? - um garotinho bonito, moreninho, cabelos grandes, e roupas sujas. Quase respondi a ele: "Sem chance, estou só com meu cartão de débito!" - mas o bom siso me levou a devolver a pergunta:
- O que você quer?
- O que você vai comprar aí?
- Vou comprar uma coca-cola...
- Por mim tudo bem, eu aceito uma coca também!

Olhos desconfiados nos acompanharam até a geladeira. No caixa, ele não parava de perguntar o que era cada coisa para a impaciente mulher. Dei a lata a ele, e coloquei a mão em seu ombro. Ele abriu a mochila e enfiou a lata gelada lá dentro:

- Hei rapaz, você vai guardar a lata geladinha?
- Vou, preciso levá-la pra casa...

Eu engolia gelado, mas naquela hora nada molhava minha garganta quando senti que aquele pequeno garoto podia quebrar a pedreira do meu coração desconfiado, viciado em perigos, religioso, e culpado por não estar dentro da igreja naquele horário. Eu não estava ali por acaso. Este sentimento acelerou meu coração. Quando assentamos no chão, ele me surpreendeu mais uma vez:

- Me ajude a contar quanto tem? Eu não sei contar dinheiro - disse esparramando um montão de moedas.

Pensei, "Que inocência. Eu poderia roubá-lo!". Logo fui invadido por grande tristeza. Sim! Fiquei muito triste comigo. Pois quando eles vêm à minha porta, eu subo o vidro, vejo se não há objeto que chame atenção no banco ao lado. Desligo o som pra não atraí-lo. Meu Deus, eu tinha que contar moedas de um pedinte que não liga pra valores... Será que ali eu estava ouvindo alguma mensagem que num banco de igreja não ouviria?

- Tem vinte e oito reais!
- Quanto falta pra quarenta, tio?
- Quem disse pra você levar quarenta? - perguntei raivoso, pensando num adulto mandão sobre crianças na proximidade.
- Ninguém! É que hoje, só eu pude vir pedir. Meus irmãos ficaram com minha mãe, doente. Aí pensei em levar um tanto que ajudasse por todos. Bom, "brigado" por me ajudar. Tchau!

Tudo o que sei é que seu nome era Mateus, e tinha dez anos. Eu, com um ridículo sentimento de culpa por não estar na igreja como todos, tive uma experiência quebrantadora em pleno bairro de ostentação. Será que Deus estava ali? Claro! A Bíblia diz que Ele "habita com o abatido", e não em templos feitos por mãos humanas. Não quero incentivar quem tem amarguras. Quero "cutucar" quem bate no peito por ir sempre!

Naquela tarde, voltei pra casa pensando: "Porque aos domingos gostamos de colocar boas roupas e ir em igrejas com boas bandas, e pastores que falam bem, e nossa avaliação é sempre baseado no quanto nosso emocional é envolvido?".

Orei pedindo perdão ao meu Deus. Pois Ele se faz presente com os pobres, os abatidos, os tristes... Com ricos, com afinados, bem vestidos também. Não em "mantras-gospel", oratórias gritadas, pedantismo "no grego e do hebraico isso é...", etc.

Mas por que procuramos estar com estes e não com aqueles para prestar culto? É porque "cultuar" pra muitos de nós ainda não é celebrar a vida, a despeito do que passamos. Ir ao culto, é manter a "santa rotina pra alívio de consciência". Não importando se o coração tornou-se mais de Cristo e menos do ego.

O Mateus, mostrou pra mim, que se eu estivesse num culto naquele domingo, na terça-feira pela manhã já nem me lembraria dos doentes citados em oração, nem da mensagem pregada. Eu precisava de um choque que me fizesse amar. O acontecido foi em fevereiro e não sai do meu coração que aquele encontro fora "o copo d'água fresca que servi a um pequenino" (Mt 10:42).

Busque a Deus independente dos lugares, e você não precisará esperar os domingos chegarem. Pois a vida é o espaço que Ele deseja se revelar a você. Não somente em dias e horários religiosos.

Hoje é domingo, e daí? Poderia ser segunda...

com carinho,

3.11.08

OH! AMOR QUE NÃO ME DEIXA IR...

Natal, RN.


Oh! Amor, que não me deixa ir...
Descanso minha alma cansada em Ti
Devolvo a vida que ganhei
Que em teu profundo oceano flua
Mais rica e satisfeita

Oh! Luz, que me persegue ao caminhar
Entrego minha oscilante chama a Ti
Restaura em meu coração o cintilar
Que em Seu amanhecer acenda um dia


Reluzente, como deve ser
Oh! Alegria que me procura em meio a dor
Não posso fechar meu coração a Ti
Desenho o arco-íris em meio a chuva
E sei que a promessa não é falha
Que naquela manhã as lágrimas secarão

Oh! Cruz que me ergue o olhar
Não me atrevo distanciar-me de Ti
Resumo ao pó a morte gloriosa,
E, da terra os vermelhos botões
Da vida eterna brotarão

Oh! Amor que não me deixa ir...

George Matheson, 1882.